quarta-feira, 21 de fevereiro de 2007

Casa Batlló

A Casa Batlló é, na verdade, um edifício de apartamentos e salões no qual no segundo pavimento, a "planta noble", está a "casa" da família Batlló. O prédio foi construído em 1875 e o projeto é do arquiteto Emilio Sala Cortéz, mas em 1900, quando passou a ser propriedade de don José Batlló Casanovas, Gaudí foi encarregado da reforma geral do prédio. A reforma começou em 1904 e durou até 1908, sempre dirigida in loco por Gaudí.

Fizemos o passeio completo que inclui a "planta noble" e as "desvanes y chimeneas" e começa na entrada independente da residência da família Batlló. Imediatamente, percebe-se a genialidade de Gaudí: nenhum ângulo reto! Toda a arquitetura dele é baseada nas formas da natureza, principalmente, no mar. O vestíbulo dá a impressão de ser um submarino antigo daqueles filmes em preto-e-branco com paredes pintadas como escamas e a escada que parece a espinha dorsal de um animal pré-histórico.

Subimos a escada e entramos em uma sala logo em frente, a Sala Chimenea ou sala da lareira. Novamente, nenhum ângulo reto no ambiente. A própria lareira foi literalmente esculpida em cerâmica refratária com dois sofazinhos laterais, tudo um conjunto só. Aqui, o guia enfatiza novamente a importância que Gaudí dava à iluminação e ventilação naturais. Uma clarabóia na sala e almofadas das portas que podem ser abertas e permitir a passagem do ar. Segue-se para o Salón Principal da fachada do Passeig de Gràcia. É uma sala enorme com o teto em caracol que centrifuga o olhar para uma luminária central. Nas laterais, tem duas salas menores. A que liga a Sala Chimenea ao Salón Principal tem uma porta que, em todos os planos, é ondulada e cravada de vidros coloridos. Ela pode ser totalmente aberta e ampliar o Salón Principal para os bailes da família. Há em frente à grande janela dois pilares delgados e percebe-se o alinhamento estrutural do prédio. Nesse ponto da visita, o guia destaca a engenhosidade do arquiteto nas persianas verticais com contra-pesos e as maçanetas metálicas que encaixam perfeitamente nas mãos.

O caminho segue pela outra sala lateral e depois para um vestíbulo com um desnível de piso que tinha a função de capela. Segue-se por um corredor no qual, do lado direito, encontram-se as portas dos quartos e, do lado esquerdo, janelas com engenhos para a ventilação natural. Antes de entrar no Salón Comedor, passa-se por duas salas onde estavam a foto da família Batlló e o livro de visitas. O Salón Comedor, com grandes esquadrias com vidros coloridos e mais persianas para a ventilação, tem dois pilares bem em frente à porta que leva à "Terraza". Lá, um lugar amplo e fresco, ficam os topos de duas clarabóias intensamente decoradas com mosaicos e vidros azuis. Na parede do fundo, outro mosaico maravilhoso.

O passeio da "Planta Noble" acabava ali, mas ainda era possível visitar as "Desvanes y Chimeneas", os dois últimos andares do edifício. Subimos pelas "Escaleras y Patio de Luces". Esse poço de luz ajuda a iluminar e a cruzar a ventilação de todo o prédio, deixando-o claro e fresco. Esse espaço também teve atenção especial de Gaudí com cerâmicas azuis que intensificavam a cor à medida que chegava no topo do prédio, enganando o olhar e deixando o azul uniforme. Entramos em "los desvanes" por um longo corredor com arcos parabólicos que davam a impressão de estar dentro uma garganta de animal marinho. No caminho, salas que eram antigas lavanderias. Chega-se em uma escada caracol que leva a "las chimeneas" e tudo é decorado com as cerâmicas em mosaico colorido. No centro, a cobertura do "Patio de Luces". Na fachada do Passeig de Gràcia, o famoso coroamento ondulado e a cruz tridimensional que abriga a antiga caixa d'água do prédio. Volta-se a descer e continua a visita pelo "desvanes" até chegar na "Sala Vientre del Dragón" com a imagem de Antoni Gaudí no fim, agradecendo a admiração pelo seu trabalho. Voltamos ao pátio de luzes e descemos pelo elevador.
Saí de lá transtornada.
Fotos.

Nenhum comentário: